terça-feira, 15 de junho de 2010

Alquimia: procura pela fórmula do ouro e da vida eterna

Por: Mariana Viera



Resumo

Este artigo retrata a alquimia e sua prática no decorrer da história, envolvendo ganância, misticismo e ciência. Misturando doutrina filosófica com atividade laboratorial, a alquimia de modesta não tinha nada: seus praticantes queriam encontrar a pedra filosofal, objeto capaz de fornecer o elixir da vida eterna e transmutar metais como cobre e ouro puro.
Cientistas como Isaac Newton e Robert Boyle foram grandes praticantes da alquimia, porém devido à promessa de vida eterna, pipocavam charlatões que falsificavam moeda de ouro e contribuíram para a má fama que a profissão adquiriu.

Palavras-Chave: História da Técnica, doutrina filosófica, ciência, civilizações antigas e da Idade Média.

O ápice da alquimia durou desde o século XIV até o fim do renascimento. Porém a técnica é muito mais antiga do que se imagina. Nasceu em Alexandria, no Egito, cidade fundada em 322 a.C. por Alexandre, o Grande. Foi aí que a cultura helênica levada pelo imperador se encontrou com uma arte egípcia chamada kymiâ (preto em português), referindo-se ao solo negro das margens do Rio Nilo. A kymiâ envolvia manipulação de metais e processos químicos usados no embalsamamento dos mortos. Todo conhecimento dessa arte era atribuído pelos egípcios a Thot, deus da sabedoria. Os gregos, deparando essa divindade, a identificaram com Hermes, o intérprete dos deuses. Foi assim que o termo “hermético” passou a ser usado para se referir às ciências ocultas, em especial à alquimia. Os gregos adotaram a teoria egípcia de que toda matéria é composta de quatro elementos básicos (terra, ar, água e fogo) e aplicaram-na à metalurgia, criando a possibilidade de transmutação dos metais. Para isso bastaria apenas mudar a proporção de cada elemento.
Sendo raridade na história da ciência, as mulheres tiveram grande participação na arte alquímica, sendo uma destas mulheres a responsável pela criação de equipamentos de destilação e do método de aquecimento usado nas cozinhas e nos laboratórios de química, o “banho-maria”. Trata-se de Maria, a Judia, que viveu em Alexandria no século III a.C.
Foram os árabes que colocaram o prefixo al na palavra kymiâ, cunhando o termo alquimia. O Alcorão pregava que os estudos científicos eram um dos caminhos para desvendar a vontade de Alá, atraindo muitos árabes para a ciência. Avicena, um célebre cientista, deu uma ajuda e tanto para a ciência precária da época. Ele focou suas pesquisas na medicina, defendendo que os medicamentos minerais e químicos eram mais eficientes que os à base de ervas.
A alquimia chegou tardiamente na Europa. Apesar de os mouros já terem ocupado a Península Ibérica desde o século VIII, mais de 400 anos depois o povo não conhecia a prática. Os intelectuais da Europa Medieval, em sua maioria dentro dos mosteiros, ficavam sem contato com o exterior. Foi só com as Cruzadas, ao chegarem ao Oriente Médio, que os europeus foram apresentados à alquimia. Nessa época, a alquimia confundia-se com salvação na concepção cristã. Segundo Arthur Greenberg, autor do livro “Da alquimia à química em imagens e histórias”, se é imaginado uma pessoa se aperfeiçoando, ela atinge a salvação. O mesmo ocorre com os metais: quando eles se livram das impurezas, tornam-se ouro. Foi na Idade Média que a alquimia se tornou forte. Para evitar perseguições políticas e enganar impostores, foi criada pelos alquimistas uma linguagem simbólica. Apenas os iniciados nas técnicas seriam capazes de desvendar os livros. Os experimentos eram explicados por imagens desenhadas ou metáforas. Se um livro mostrasse, por exemplo, um leão verde mordendo o sol dentro de um castanheiro oco, queria dizer que houve uma reação entre o sulfato ferroso e o ouro dentro do forno.
Apesar de a Igreja Católica não ter visto a alquimia com bons olhos, vários religiosos se tornaram alquimistas, como São Tomás de Aquino e Roger Bacon. Esse último chegou a declarar que havia criado um homem mecânico, com a cabeça de latão e, certa noite, enquanto dormia, o boneco começou a falar com ele e, em seguida, se despedaçou no chão.
O nome de Philippus Aureolus Theophrastus Bombastus von Hohenheim, também conhecido como Paracelsus (1493-1541) foi um dos mais fortes na área alquímica. Ele defendia o uso de substâncias tóxicas, como o mercúrio e o arsênico para a cura de praticamente todas as doenças e dizia que veneno se combatia com veneno. O suíço também se aventurou no lado místico da alquimia, chagando a relatar que havia encontrado o elixir da longa vida e que viveria para sempre. Décadas depois de sua morte, o filósofo inglês Francis Bacon (1561- 1626) indicou o caminho final da alquimia ao afirmar que, se algum dia uma ciência genuína emergisse da alquimia, seria baseada nas experiências laboratoriais dos alquimistas, acertando na sua afirmação.
Em 1661, isentando o misticismo da alquimia, o anglo-irlandês Robert Boyle abandona o prefixo al, e definindo o “elemento” como uma substância que não pode ser decomposta em outra mais simples, conceito próximo do atual. Boyle é considerado o “pai da química”. Ele convenceu o Parlamento Inglês a revogar a lei anti-alquimia, que havia sido criada no século XIII pelo rei Henrique III para proibir a manufatura de ouro por transmutação. Enquanto escrevia o livro “Princípios matemáticos da filosofia natural”, o físico Isaac Newton (1643-1727) se dedicou com tal afinco à alquimia que chegou a ter 138 livros sobre o tema. Assim como vários outros alquimistas, Newton queria encontrar a pedra filosofal.
A partir do século XVII, academias científicas como a Royal Society de Londres começaram a aparecer por toda a Europa. Essas instituições foram frutos da revolução científica do século XVI, quando a ciência começou a se separar da filosofia, e as mesmas pregavam a repetição dos experimentos como método de comprovação científica e publicavam os resultados em jornais. Postura contrária à dos alquimistas, que escondiam tudo em símbolos indecifráveis e diziam que, se uma pessoa não conseguisse encontrar a pedra filosofal, é porque ela não havia sido escolhida por Deus. Isso fez com que os cientistas colocassem a alquimia “de lado”.

Considerações finais

A alquimia nunca foi um empecilho ao desenvolvimento científico. Na busca pela realização dos dois maiores desejos da humanidade (vida longa e conforto material), ela contribuiu muito para a investigação da matéria e para a química, na medida em que desenvolveu instrumentos, entendeu a natureza dos ácidos e isolou elementos químicos. Em 1919, Ernest Rutherford (1871-1937) tornou-se o primeiro a conseguir converter o hidrogênio em oxigênio, por meio da reação nuclear. Até chumbo e outro elemento químico, o bismuto, já teriam, entre 1970 e 1980, sido transmutados em ouro, embora em quantidades minúsculas e a custos exorbitantes. No fim das contas, os alquimistas estavam corretos.




Referências

DE FARIAS, Robson Fernandes. História da Alquimia. Átomo, 2007.


GREENBERG, Arthur. From Alchemy to Chemistry in Picture and Story.Jonh Wiley & Sons, 2007.





13 comentários:

  1. gostei muinto deste blog retrata muintosobre a alquimia continuem assim

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  2. Boa materia. Revelar que cada um de nos temos um pouco de alquimista dentro de nos, eh uma missao que todos deveriamos ter.

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  3. se a alquimia existe,então a imortalidade também,

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  4. o_O INTERESSANTE, MAS A ALQUIMIA SO ESTA ATRA DE QUE TODOS NOS QUEREMOS, CONFORTO MATERIAL E VIDA LONGA, PRA DESFRUTAR DESSE CONFORTO...
    MAS MUITO INTERESSANTE...(")-_-(")

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  5. Se a alquimia existe e fusao o muncolos tam bm existem a regeneraçao pode ser mais rapida pela alquimia

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  6. Se existe alquimista que transmuta metais Porque eles ajudao as pessoas ou sei la se mostra ao mundo

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  7. eu axo q sobre o conforto material e a vida eterna, sao apenas os mais ambiciosos q procuram... alquimia é muito mais q isso.





    Luke

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  8. assistam "fullmetal alchemist" vai mudar suas vidas...





    Luke

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  9. acho muito interesante queria saber mais sobreo asunto

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  10. a velha arte da sabedoria oculta, bem agradecimentos especiais ao boyler, queria uma ver ele vivo no seculo XXI,

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